Oro del Desierto, uma reportagem sobre os melhores azeites da Andaluzia
Coração do Azeite Espanhol, a Andaluzia concentra 80% do azeite do país, considerando que a Espanha responde pela meta produção mundial de azeite extravirgem. Famosa pelo clima seco e quento, é na Andaluzia que se extrai da terra o puro Oro del Desierto, ou Oro Líquido, como muitos gostam de se referir ao azeite espanhol. Ali da quantidade, é em território andaluz que concentram hoje os produtores mais premiados em todo o mundo do azeite espanhol premium. Confira na reportagem logo abaixo, escrita originalmente para a versão impressa da revista Experience Club #17 (Dez – 2017), como a Andaluzia realizou um enorme salto de qualidade nas últimas duas décadas para a liderança em qualidade mundial na produção de azeites de alto perfil.
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Florada das oliveiras em maio definem se a safra se outubro será boa: cada florzinha é um azeitona em potencial
Ouro do deserto
Com clima árido e paisagens exuberantes, Andaluzia desponta como a produtora dos mais premiados azeites do mundo
Texto e Fotos.: Arnaldo Comin, de Jaén, Córdoba e Almeria (Espanha)

Vista impressionante nos arredores de Úbeda, Jaén: imensidão de oliveiras
É impossível ficar indiferente ao mar de oliveiras que se espalha por todos os lados até onde a vista alcança. Dos arredores de Córdoba e Granada, as duas joias da antiga Al-Andalus dos árabes, nas praças dos pequenos pueblos, quintais, acostamentos, morros e encostas, a árvore símbolo do Mediterrâneo ocupa cada centímetro da Andaluzia. No Brasil, tamanha onipresença só tem paralelo com a vastidão dos campos de soja do Mato Grosso.
Azeite Espanhol
Coração do azeite espanhol e segunda Comunidade Autônoma mais extensa da Espanha, depois de Castela e Leão, a Andaluzia é a maior produtora e exportadora de azeite oliva do planeta, respondendo por 80% de toda indústria espanhola. No epicentro deste enorme olival está a próspera província de Jaén, com mais 60 milhões de oliveiras plantadas, nada menos que 520 árvores para cada um de seus 115 mil habitantes.

Catedral de Jaén, a capital mundial do azeite
Quantidade, porém, nem sempre foi sinônimo de qualidade. Historicamente, o azeite espanhol – e Andaluz, portanto – sofreu com a pecha de produto inferior, fruto de uma indústria de volume. Grandes cooperativas se acostumaram a iniciar a colheita no auge do inverno, em dezembro e janeiro, quando as olivas já estão muito maduras, resultando em azeites de pouco sabor e, muitas vezes, com defeitos que os impedem de ser classificados como extravirgem, rebaixados a categorias inferiores, como virgem ou sendo diretamente refinados.

Olival orgânico em Tarbenas, Almeria, resistente aos extremos climáticos da Andaluzia
Ainda hoje, a maior parte das exportações de azeite espanhol é feita a granel e absorvida por seus grandes rivais no mercado internacional, os italianos. Assim como faz com o café brasileiro, a Itália se aperfeiçoou em adquirir commodities a bom preço e valorizá-las com boas estratégias de marca e postura comercial agressiva. Se os portugueses dominam o mercado brasileiro de azeites, os italianos são referência absoluta na maior clientela do planeta, os Estados Unidos. Mas este jogo está prestes a mudar.

Olival orgânico em Málaga: vegetação nativa cresce livre e ajuda a proteger as árvores de pragas e infestação de insetos
Mais premiados
“Somente há dez anos nós começamos a vivenciar uma mudança importante nos processos de produção do azeite espanhol e criação de marcas de excelência mundial. O resultado é que a Espanha hoje ocupa uma posição de liderança nas principais premiações internacionais”, explica Brígida Jimenez, diretora do centro de pesquisas agronômicas Ifapa, em Cabra (Córdoba), considerada uma das maiores especialistas em olivicultura da Espanha e jurada frequente nos concursos mais importantes de azeite do mundo.
Os prêmios falam por si. Na safra 2015/16, nove rótulo de azeite espanhol entraram na lista 10 Best Olive Oils, que reúne a pontuação de todas as grandes premiações internacionais. Só sobrou espaço para um italiano. Em abril deste ano, o celebrado Festival de Nova York deus seis títulos Best in Class e 83 medalhas de ouro para rótulos da Espanha, que dominou a competição de ponta a ponta.

Sede do produtor Oro Bailén, em Jaén, um dos azeites mais premiados do planeta
Em comum, as marcas mais celebradas da Espanha são feitas bem no começo da colheita, em meados de outubro, quando o rendimento para o produtor cai pela metade, mas gera azeites de grande intensidade e complexidade de sabor, com aromas frutados muito marcantes, aroma e picor que fazem a sensação entre chefs de cozinha e a comunidade de apreciadores, tão apaixonada quanto no mundo do vinho.
A variedade mais plantada na Andaluzia é a picual, que corresponde a 50% do total e apresenta azeites de cor verde intensa e picantes. Mas há espaço também para a hojiblanca, com seus azeites de frutado marcante e sabor complexo, que fazem sucesso nos concursos internacionais. Por último está a sempre presente Arbequina, mais suave e com frutado agradável, conhecida como a oliveira do Novo Mundo e muito apreciada pelos produtores brasileiros. Além do trio, há dezenas de micro-variedades regionais que compõem o complexo mundo do azeite, com mais de 1200 tipos de azeitonas.

Vista do alto de Priego de Córdoba e mar de oliveiras ao fundo: Denominação de Origem Protegida (DOP) da cidade abriga marcas premiadíssimas de azeite espanhol
Deserto orgânico
A província de Almeria, no extremo oeste da Andaluzia, reside no imaginário dos apaixonados por westerns dos anos 60. Conhecida como o “Deserto da Europa”, a região ficou famosa como locação de spaghetti italianos e diversos filmes de ficção científica. Sua paisagem árida foi palco das filmagens do clássico “Era uma vez no oeste”, de Sergio Leone, e no primeiro “Guerra nas Estrelas” de George Lucas. Não por acaso é comum encontrar nas pequenas cidades ranchos temáticos de faroeste para turistas que desejam se sentir em um pedacinho de Hollywood.

Valle de la Luz: região seca de Tabernas, em Almeria, produz Oro del Desierto, um dos azeites orgânicos mais premiados do mundo
Terra de contrastes – no caminho de carro o visitante passa pela deslumbrante Sierra Nevada, com seus picos brancos em plena planície de vegetação seca – a Almeria oferece algo a mais que cenário de cinema: as condições ideais para a produção de azeites espetaculares. “O clima por aqui é tão seco que não temos a incidência de pragas como em outras regiões da Espanha e da Itália. Por isso, decidimos que desde o início da nossa produção, em 1999, faríamos azeites orgânicos”, explica Rafael Alonso Barrau, produtor de Oro Del Desierto, eleito como o melhor orgânico do mundo na safra 2015. A marca já passa dos 180 prêmios internacionais, tendo arrematado mais alguns este ano na Espanha, Itália, Grécia e Estados Unidos.

Rafael Alonso Barrau, produtor de Oro del Desierto: território livre de pragas é perfeito para a produção de azeite orgânico
Depois de conquistar grandes prêmios, as marcas espanholas de ponta estão apostando alto no mercado orgânico, cuja demanda cresce exponencialmente em países escandinavos e na Alemanha, assim como nos EUA e Canadá. Além da importância como marketing, os azeites ecológicos ou biológicos, como são conhecidos na Europa, tem preço 20% maior em relação ao convencional, no mínimo.

Sede de Oro del Desierto ainda guarda moinhos de pedra na decoração
Alguns produtores estão indo além com o desenvolvimento de biodinâmicos, um conceito complexo de agricultura que envolve a integração do meio ambiente do entorno, desde plantas a animais, passando pelos ciclos da lua e técnicas tradicionais de manejo do solo. “As pessoas às vezes pensam que isso (biodinâmica) tem algo de magia, mas no fundo é uma maneira de observar os processos que funcionam e seguir aperfeiçoando”, diverte-se Víctor Perez, engenheiro agrônomo responsável pela produção de Finca La Torre, 4 medalhas de Ouro este ano em Nova York.

Finca la Torre, em Málaga, é pioneiro na produção de azeites biodinâmicos
Mesmo enfrentando a concorrência pesada dos italianos nos EUA, a indústria espanhola está tentando romper a timidez comercial não só nas Américas, onde atua mais no segmento de grandes volumes, mas também nos mercados mais sofisticados, como a Escandinávia e Japão. A próxima fronteira é a China, onde o jogo continua aberto. Em qualquer cenário, é um problema bom: a demanda mundial por azeite hoje é 13% maior que a oferta, e ninguém consegue atendê-la com a maior relação de quantidade e qualidade do que os espanhóis.

Olival de Cortijo Espiritu Santo, um dos destaques entre produtores orgânicos de Jaén
Domínio Espanhol
Produção Azeite de Oliva em litros (Safra 2016/17)
Mundo – 3 bi (100%)
Espanha – 1,5 bi (50%)
Andaluzia – 1,1 (35%)
Jaén – 542 mi (18%)
60 milhões de Oliveiras estão plantadas na Província de Jaén, Andaluzia

Oliveira centenária em Jaén
Exportações (2016)
Espanha – 3,3 bi euros
Andaluzia – 2,5 bi euros (75%)
Fonte: Conselho Oleícola Internacional e Agencia Andaluza de Promoción Exterior

Pátio em Priego de Córdoba guarda influência da cultura moura no sul da Espanha
Oleoturismo: Para conhecer e degustar
Embora não tenha uma estrutura de roteiros bem formada ainda, a Andaluzia é o cenário perfeito para quem quer experimentar grandes azeites, explorar a rica gastronomia local e curtir paisagens diversas, desde praias deslumbrantes e montanhas, até cidades históricas. O melhor é se deixar perder pelo interior, seguindo algumas dicas básicas:
Quando: no início da colheita, em meados de outubro, quando a temperatura ainda é alta, mas tem noites agradáveis. As mais famosas almazaras, onde é feito o azeite, permitem a visitação. Ali é possível provar azeite fresquinho que acaba de ser extraído.
Como: para quem vem de Madri ou Barcelona, o melhor caminho é pegar um trem de alta velocidade (AVE) que leva menos de duas horas até Sevilha ou Córdoba. A partir daí, com um carro alugado o viajante conta com ótima estrutura de estradas, onde é possível visitar fincas de oliveiras em toda parte.
Onde ficar: as cidades pequenas não tem grande estrutura hoteleira, por isso é melhor se hospedar nas capitais de província ou municípios históricos com tradição em turismo.

Centro histórico de Priego de Córdoba
Destaques:
Sevilha – a capital da Andaluzia é uma das cidades mais belas da Espanha e foi um centro vital império espanhol no período da colonização americana. Há vários produtores de azeite na faixa ao redor do histórico Rio Guadalquivir.
Córdoba – cidade emblemática no período árabe (Al-Andalus) tem como vizinha a charmosa Priego de Córdoba, cuja Denominação de Origem Protegida (DOP) assina azeites emblemáticos, como o Venta Del Barón, há três anos eleito do Melhor do Mundo.

Centro de Cabra, pequeno município perto de Córdoda, que abriga o Ifapa, um dos mais importantes centro de estudos sobre olivicultura da Espanha
Jaén – a capital mundial do azeite, com farta opção de visitas a produtores e um centro histórico com boa gastronomia. Ali perto estão as cidades de Úbeda e Baeza, ambas Patrimônio Histórico da Humanidade. Próxima a Úbeda vale a visita à finca orgânica Espíritu Santo, onde grupos de até 12 pessoas podem se hospedar numa antiga residência familiar do século 18.
Granada – Sede da Alhambra, cidade-fortaleza árabe mais exuberante da Espanha, também está próxima da Sierra Nevada, Patrimônio Natural da Unesco e circundada por olivais.
Málaga – Lembrada pelas praias mediterrâneas, reúne produtores renomados de azeite nas proximidades, como a fazenda biodinâmica Finca La Torre

Moinhos antigos de pedra decoram a entrada da Almazara do premiado produtor Finca La Torre, em Málaga
Almeria – Conhecida como “Deserto da Europa”, foi cenário de clássicos do faroeste italiano e ainda hoje serve de locação para filmes europeus e americanos. Além do largo litoral, é grande produtoras de azeites, como o orgânico Oro Del Desierto, na pequena vila de Tabernas.
Tesouro Andaluz
Uma seleção de azeites com as mais altas pontuações no prestigiado guia italiano Flos Olei 2017 que permitem visitação à finca do produtor durante todo o ano.
Azeite Espanhol
Ptos. Flos Olei: 97
Há três anos eleito o Melhor Azeite do Mundo
Origem: DOP Priego de Córdoba (Córdoba)
Variedades: Hojiblanca e Picudo
Sabor: Frutado Intenso
Próximo à cidade histórica de Priego
Contato: www.mueoliva.es
Ptos. Flos Olei: 96
Eleito Melhor Orgânico do Mundo (2015)
Origem: Tabernas (Almeria)
Variedades: Picual, Hojiblanca e Arbequina
Sabor: Frutado Médio
Possui estrutura de loja e restaurante-museu, com belas paisagens desérticas da Almeria
Contato:
Oro Bailén
Ptos. Flos Olei: 98 (Máximo)
1º Prêmio Alimentos de España (2016)
Origem: Villanueva de La Reina (Jaén)
Variedade: Picual
Sabor: Frutado Médio
Finca possui loja temática e oferece tour pela plantação e área de extração
Contato: www.orobailen.com
Castillo de Canena Biodinâmico
Ptos. Flos Olei: 98 (Máximo)
Origem: Úbeda (Jaén)
Variedade: Picual
Sabor: Frutado Intenso
Localizado em um castelo histórico de Úbeda, cidade Patrimônio da Humanidade pela Unesco
Contato: www.castillodecanena.com
Finca La Torre Biodinâmico
Ptos. Flos Olei: 98 (Máximo)
Origem: Bobadilla (Málaga)
Variedade: Hojiblanca
Sabor: Frutado Intenso
Visita a belíssima fazenda biodinâmica e área de extração
Contato: www.fincalatorre.com
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Versão original da reportagem na edição impressa da Revista Experience Club #17, publicada no 2º Semestre de 2017:
Oro del Desierto Reportagem Azeite Espanhol Revista Experience Club #17
Fontes: Revista Experience Club e Rua do Alecrim